Mundo atinge a marca de 5 milhões de mortes por covid-19
A Covid-19 acaba de superar a barreira de 5 milhões de mortes oficialmente registradas pela doença, conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS). Por trás deste número, persistem muitas perguntas sobre o futuro da pandemia. O Brasil acumulava 607.694 vítimas até o último sábado, é o segundo pior saldo do mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, segundo dados do Our World in Data.
O número oficial de 5 milhões de pessoas mortas pela covid-19 é uma contagem estabelecida a partir dos balanços oficiais diários de cada país. Quando se toma como referência o excesso de mortalidade relacionado com a covid-19, o balanço poderia ser duas ou três vezes maior, adverte a OMS.
A partir deste método, a revista The Economist calcula o número de falecidos em 17 milhões de pessoas. — Este balanço me parece mais confiável — declarou à AFP Arnaud Fontanet, epidemiologista francês.
Independentemente do cálculo, o número de mortes é inferior a outras pandemias como a chamada gripe "espanhola" (1918-1919), que provocou entre 50 e 100 milhões de vítimas fatais; ou os 36 milhões de óbitos provocados pela aids nos últimos 40 anos.
Porém, o coronavírus "provocou muitas mortes em pouco tempo", recorda o virologista francês Jean-Claude Manuguerra.
— E sem a adoção de medidas, como restrições de deslocamentos e a vacinação, o resultado teria sido muito mais dramático — segundo Fontanet.
Qual o futuro para cada país?
Os especialistas esperam que a realidade da pandemia mude: de forma geral nos países desenvolvidos (com altos índices de vacinação) as ondas epidêmicas serão menos importantes e regulares, enquanto os países com menos vacinados registrarão aumentos rápidos dos casos.
— Nos países desenvolvidos, acredito que teremos epidemias sazonais de coronavírus, talvez mais importantes que as da gripe (ao menos durante os primeiros anos), até que se normalize — prevê Arnaud Fontanet, para quem a imunidade global é construída por camadas: a camada da vacinação se soma à camada das infecções naturais.
Países como China ou Índia têm uma grande capacidade de vacinação e poderiam se aproximar desta perspectiva.
Em outros casos, como os da Nova Zelândia e Austrália, que adotaram uma campanha de erradicação do vírus (conhecida como "zero covid-19"), os países foram obrigados a mudar de planos e iniciar a "corrida da vacinação", diante da variante delta mais contagiosa, destaca Fontanet.
E é ainda mais difícil fazer previsões para regiões que têm capacidade de vacinação incerta, como a África intertropical.
O aumento de casos no leste da Europa confirma que a reduzida taxa de vacinação expõe os países a "graves epidemias, com fortes consequências a nível hospitalar", prossegue Fontanet. Por sua vez, o aumento atual de casos na Europa Ocidental, apesar dos elevados níveis de vacinação, mostra a necessidade de prudência.
— Precisamos evitar uma percepção eurocentrista: em uma pandemia é necessário levar em consideração todo o planeta. No momento não parou — alerta Jean-Claude Manuguerra.
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Crédito: GZH